Paisagens e espaços urbanos abandonados sempre atraíram exploradores aventureiros em busca de uma espiada num mundo de uma distopia industrial decadente. Este desejo pode ser realizado ao se visitar o complexo Zollverein em Essen, Alemanha: outrora a maior mina de carvão da Europa, Zeche Zollverein foi transformada no decorrer de 25 anos em um paraíso arquitetônico. Contribuições de Rem Koolhaas, Norman Foster e SANAA foram incluídas ao parque de 100 hectares; oprimido em sua complexidade, a propriedade inclui canos enferrujados, fornos colossais de carvão e altas chaminés, convidando mais de 500.000 pessoas por dia a ter uma visão da era dourada da indústria pesada europeia.
Junte-se a nós para uma jornada fotográfica através deste playground da era da máquina, a seguir…
A primeira mina de carvão no local foi começou a funcionar em 1847; juntamente com uma indústria de coquefação, os dois estabelecimentos se tornaram o maior e mais moderno complexo industrial na Europa. Nos 150 anos seguintes, a propriedade evoluiu conforme novas construções e ajustes programáticos tomaram forma; durante a década de 30 uma série de edificações inspiradas na Bauhaus realizadas pelo arquiteto alemão Fritz Schupp dominaram o horizonte do complexo. Entretanto, por causa da economia mutável, as minas e fábricas foram sendo fechadas gradualmente entre 1986 e 1993, e foram compradas adquiridas pela preservação do patrimônio, mantida pelo governo da região até ser declarado patrimônio mundial pela UNESCO em 2001, iniciando, assim, uma nova etapa na história do complexo.
Em conjunto com o professor Henri Bava, em 2002 o Office for Metropolitan Architecture (OMA) elaborou um Plano Diretor para a reurbanização do local, mantendo suas qualidades culturais características. O plano, que foi realizado ao longo dos oito anos seguintes, se concentra na criação de um eixo central ao longo das principais vias ferroviárias entre a mina de carvão e da fábrica de coquefação, onde vias de pedestres, ciclovias e playgrounds se entrelaçam com a vasta paisagem industrial. A nova trilha recreacional é cercada por prédios abandonados, nos quais pastagens começaram a crescer de forma selvagem: o resultado é estranho, uma cena pós-apocalíptica cujo silêncio só é interrompido por animais selvagens, pessoas praticando corrida, ou - por incrível que pareça - festas ocasionais de despedida de solteira realizadas por moradores locais.
O caminho sinuoso termina na fábrica de coque, a coroa da propriedade: uma mega-estrutura enferrujada refletida em um antigo tanque de resfriamento; passarelas utilizadas para a transferência de carvão e dutos suspensos dão vez a um túnel de 1000 metros de profundidade se abre abaixo. Os visitantes podem fazer um passeio em uma das 14 gôndolas da "Skywheel", uma roda-gigante futurista que leva os passageiros para o interior do forno de coque e em seguida, sobe muito acima da paisagem de Zollverein.
A peça central da mina de carvão é sua antiga casa de máquinas, uma estrutura de tijolo e vigas "I" de proporções monumentais. Em 2007, os arquitetos locals Heinrich Böll and Hans Krabe se juntaram ao OMA para transformar a casa de máquinas no Ruhr Museum, um centro para a exploração da rica história regional através de artefatos da geologia, arqueologia e fotografia. Deixando a edificação original completamente intacta e quase 80% do maquinário em seu lugar, Koolhaas criou um monumento impressionante, fazendo somente uma adição visível: as escadas-rolante vermelhas icônicas que levam os visitantes para as profundezas do vasto hall de entrada.
Antes da conversão da casa de máquinas pelo OMA, um projeto extraordinário tomou forma no outro lado da propriedade; o primeiro salto em direção à transformação do local estaria para começar. Na metade da década de 90, Foster + Partners transformou uma das casas de caldeiras da mina na maior exposição de design contemporâneo do mundo - O Red-Dot Museum. Inspirado na Bauhaus, o edifício foi restaurado e teve suas fachadas de tijolos vermelhos expostas, seguido de uma completa alteração interna: somente uma das cinco caldeiras permaneceram, enquanto as outras foram substituídas por galerias de exposição flutuantes cuja leveza contrasta com a severidade interior. Pela a conversão magistral do espaço, Sir Norman Foster recebeu o prêmio “Knight Commander's Cross of the Order of Merit of the Federal Republic of Germany,” citado por sua capacidade de alcançar o "equilíbrio entre preservar o antigo e criar o novo."
Enquanto que as cautelosas alterações em várias edificações do complexo realizadas por star-architects foram elogiada por todos, demonstrando o potencial da preservação sensível e a importância de uma arquitetura eterna, parece que o acréscimo mais recente da propriedade foi um passo na direção errada. Desde 2006, o acesso ao local é dominado por um cubo de concreto de 35 metros: A Escola de Administração e Design de Zollverein, projetado pela dupla vencedora do Prêmio Pritzker, SANAA. Infelizmente a nova edificação, com sua composição assimétrica de janelas parece estar no lugar errado: a universidade foi à falência devido à falta de estudantes e mesmo os turistas parecem preferir os playgrounds enferrujados da fábrica ao invés dessa obra icônica e singular do SANAA.
O conjunto Zollverein é um empreendimento único dentro de um contexto histórico complexo; emblemático de um tempo marcado pela rápida modernização e funcionalismo, transformado num ambicioso centro de arquitetura, design e cultura. É um testemunho das qualidades de projeto, um conjunto eterno, adaptável e reutilizável para fins contemporâneos.
O local é aberto diariamente a partir das 10:00 às 18:00; para mais informações acesse a página do Zollverein.